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Uma homenagem à eterna Elke Maravilha

Redação Lado A 17 de Agosto, 2016 22h31m

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Eike Maravilha é uma daquelas poucas pessoas que viram marcos históricos. Ela é um símbolo para a comunidade LGBT brasileira, assim como Madame Satã, Camem Miranda e Ney Matogrosso, entre outros. Sua carreira artística, suas entrevistas e seu visual romperam com os paradigmas sociais, criando novas formas de se expressar, fazer política e arte. Nós nos despedimos dessa figura na madrugada do dia 16, depois de um mês internada para o tratamento de uma úlcera, aos 71 anos de idade. 
 
Elke Georgievna Grunnupp nasceu na antiga cidade de Leningrado, Rússia, em 22 de fevereiro de 1945. Filha de pai russo e mãe alemã, veio para o Brasil quando tinha apenas seis anos, fugindo do regime stalinista que assolava a Europa. No Brasil, sua família mudou de cidade e profissão diversas vezes. Até que ela se encontrou como uma boa professora de línguas, uma vez que sabia falar mais de oito idiomas.
 
Por conta da sua beleza exótica, também foi convidada para trabalhar como manequim e modelo de diversos estilistas famosos da década de 60 e 70. Foi assim que fez amizade com a estilista Zuzu Angel. Foi essa amizade, também, que a fez ser presa durante a ditadura militar. Uma vez que desacatou membros do exército no aeroporto ao arrancar um cartaz do procurado político Stuart Angel Jones, filho de Zuzu, que segundo ela já havia sido assassinado pela Ditadura.
 
Elke foi solta apenas seis dias depois e perdeu a nacionalidade brasileira. Sua carreira de atriz, onde participou de mais de 30 filmes e 10 peças de teatro, ficou dividida entre suas viagens a outros países e seus oito casamentos. Ela já trabalhou como jurada nos programas do Chacrinha e do Silvio Santos, além de ter tido seu próprio programa de entrevistas. 
 
Entrevistas
Ela é também conhecida por suas entrevistas polêmicas. Ao ser questionada sobre a opressão machista e a posição das mulheres como minoria na sociedade brasileira, ela responde: “Eu nunca fui mulher, sempre fui uma pessoa. Nunca permiti ser chamada de mulher. Desde pequena eu percebi que o homem é melhor do que nós. Quando pequena, perguntei ‘pai, eu tenho que ser mulher?’ e ele falou ‘não, minha filha, seja o que você quiser’. Aí eu resolvi não ser mais gênero. Porque eu não quis, eu quis ser gente, essa é minha proposta, e acho que eu estou conseguindo”.
 
Ela sempre defendeu a comunidade LGBT, inclusive, deu uma entrevista na qual falava mal da cantora Joelma por conta das suas declarações homofóbicas. Uma das suas falas clássicas é sobre a homossexualidade ser algo natural na natureza. “Meu pai me mostrava porco gay, pato gay… Quando eu vi gente gay, achei normal. Não ficava com aqueles ranços de conceitos e preconceitos. Quem não conhece a mãe natureza se considera livre para jogar bosta na Geni. Graças a Deus, tive uma boa educação”, comentou.
 
Sua contribuição para a comunidade LGBT foi muito além das declarações e entrevistas. Seu senso de estilo extravagante, o uso exagerado de maquiagem e as perucas grandes foram absorvidas pela comunidade transformista brasileira. 
 
Elke, obrigado e descanse em paz. 
 
Redação Lado A

SOBRE O AUTOR

Redação Lado A

A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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