Crescem os grupos das redes sociais contra Jair Bolsonaro

Redação Lado A 17 de Setembro, 2018 18h01m

Os discursos do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro se intensificaram nas redes sociais devido à proximidade com as eleições. Ferrenho opositor dos direitos de mulheres, negros e da comunidade LGBT, o candidato continua a destilar ódio. Além disso, ele é acompanhado por uma legião de seguidores que repetem na internet as mesmas ações.

Na última semana um grupo com mais de 2 milhões de mulheres foi invadido por seguidores do Bolsonaro e saiu do ar. O título do grupo oscilava entre manifestações de apoio e contrárias ao candidato, quando as integrantes estavam tentado salvar a página e manter os perfis de mulheres dentro dele. A atitude tomou conta das redes sociais e da mídia local e internacional. Tal fato serviu como uma prévia do que seria um Estado governado por Jair Bolsonaro.

Na política há quase 30 anos, o candidato quase nada fez pela população. Sua carreira política começou nos anos de 1990, quando foi eleito por sua base aliada composta majoritariamente por militares. Por isso, Bolsonaro apoia essa classe e é defensor da tortura e da ditadura militar. O candidato possui apenas dois projetos aprovados. Um deles é sobre a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para produtos da área de informática. O outro, sobre o uso de fosfoetanolamina sintética, também conhecida como “pílula do câncer”. Apesar de a maioria de seus projetos serem sobre os direitos de militares, os únicos aprovados nada tem a ver com essa instituição.

Por outro lado, além da inutilidade política, o candidato ainda representa uma grave ameaça aos direitos das minorias. Isso porque Jair Bolsonaro não apenas faz discursos contra a população LGBT, mulheres e negros, mas também é autor de projetos de leis contra esses grupos. Em 2015, junto com outros parlamentares conservadores, Jair Bolsonaro propôs na Câmara dos Deputados um projeto de lei que objetiva cancelar o direito do nome social concedido aos estudantes transexuais no Brasil.

Com relação às mulheres, o candidato também se uniu à ala conservadora do Congresso que aprovou a Reforma Trabalhista, segundo a qual as mulheres grávidas poderiam ser submetidas ao trabalho insalubre. Antes disso, o candidato sempre se posicionou totalmente contra o aborto. Para os negros Bolsonaro trabalha para que qualquer lei que os contemple seja barrada. Por isso, se coloca contra as cotas raciais e destila racismo livremente. Quanto aos indígenas, o candidato sempre deixou claro o que pensa sobre a etnia. Para Bolsonaro, não passam de aproveitadores que devem perder suas terras para o agronegócio, desconsiderando toda a dívida histórica e cultural do Brasil para esse povo.

Ameaça

Todas as pesquisas realizadas no período eleitoral apontam que Jair Bolsonaro está à frente nas intenções de voto. A aversão social à política de esquerda foi estrategicamente construída no Brasil nos últimos anos. Assim, muitos enxergam nesse candidato a salvação para o país. Seus discursos extremamente violentos são ignorados por uma população totalmente sem esperança. Por outro lado, parte da população igualmente violenta como Bolsonaro, também o enaltece.

Mais do que nunca os movimentos representantes de minorias sociais estão se articulando. É preciso se organizar para manter seus direitos e sobreviver em meio a esse caos político. A eleição de Jair Bolsonaro significaria a imediata interrupção de direitos e regressão do país também no sentido econômico, visto que o candidato já demonstrou diversas vezes em rede nacional sua falta de conhecimento sobre administração pública.

Deixando um pouco de lado os militares, o candidato aposta nas propostas sobre segurança pública. Diante de um povo com acesso à educação precária mas comumente exposto à violência, Bolsonaro promete que vai liberar o porte de arma para todas as pessoas. Esse discurso junto com o ódio contra mulheres, negros, indígenas e LGBTs fazem desses grupos as vítimas diretas dessas armas.

Grupos

Para tentar conter essa onda de violência os grupos sociais estão se articulando com o grande alcance da internet. O grupo intitulado “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, em poucas semanas, reuniu milhões de mulheres dispostas a impedir a eleição do candidato. A grande movimentação chamou muita atenção e foi veiculada na mídia, o que gerou revolta nos seguidores de Bolsonaro. Em pouco tempo, o grupo foi invadido, como se destruí-lo fosse mudar o voto daquelas mulheres. Após ser normalizado, o grupo está crescendo ainda mais.

Da mesma forma foram surgindo outros movimentos na internet. O grupo de LGBTs contra o candidato já soma mais de 322 mil membros, também criado recentemente. Da mesma forma, o grupo de negros contra o candidato também tem  milhares de adeptos. Tamanha a rejeição de Bolsonaro entre os jovens, 56%, até mesmo um grupo de homens contra o candidato foi criado. Todas essas organizações possuem ainda derivações. Assim, vários outros grupos com o mesmo propósito com dezenas, centenas e milhares de membros.

 

 

 

 

 

 

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa


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