Rafael Barbosa de Melo, de apenas 14 anos, aluno do 7º ano do Ensino Fundamental em Cariacica, Espírito Santo, morreu na manhã deste sábado, quando o garoto ia à casa da avó tomar café da manhã. Seu corpo foi encontrado em uma estrada de barro perto de sua casa, com um grande bloco de concreto ao lado usado para esmagar seu crânio. Segundo sua mãe, ele sofria bullying por gostar de costurar roupas para suas bonecas.
O mais velho dos sete filhos de Vanderleia Barbosa, 33, era um rapaz pacato, caseiro e que frequentava o grupo de jovens da igreja local. Foi encontrado pouco menos de uma hora depois de sair de casa na manhã do sábado. A mãe foi acordada com a notícia da morte do filho a quem viu apenas na noite anterior. “Muitas pessoas implicavam com ele, caçoavam e o xingavam. Implicavam com o jeito dele andar e por ele fazer roupas. Ele sofria muito, por isso meu filho era uma pessoa de poucos amigos e muito fechado ”, afirmou a mãe que suspeita que o crime foi de homofobia.
O corpo do menino foi encontrado com marcas de pauladas nas costas e a cabeça com traumatismo craniano. O menino que passava horas desenhando e criando roupas para suas bonecas sonhava um dia ser estilista. A mãe afirmou que tinha receio do filho sofrer algum tipo de violência e até mesmo cogitava se mudar do bairro. Ela sempre instruía o filho a não revidar as provocações. “Acredito que implicaram com ele mais uma vez, só que talvez meu filho tenha reagido respondendo ao bullying. Acho que Rafael explodiu e acabou morto desse jeito”, lamentou a mãe para o Jornal local A Gazeta.
A trágica morte de Rafael mostra que é preciso dar um basta na condenação pública da homossexualidade por religiões e parte machista da sociedade. Discursos de pastores homofóbicos alimentam a idéia de que Deus não ama os homossexuais, que eles são uma ameaça para a sociedade e são indignos de compaixão. Outra questão, uma lei para punir a homotranslesbofobia se faz necessária em um país onde ser LGBT significa correr risco de morte. Talvez a travesti crucificada na Parada Gay seja menos chocante do que um jovem talentoso com sua vida inteira pela frente que foi morto brutalmente apenas por ser diferente aos 14 anos de idade.
Foto: Edson Chagas, A Gazeta
ATUALIZAÇÃO
Neste caso, o suspeito de ser o assassino foi o primo do menino, acolhido na casa pelos pais e que dormia no mesmo quarto que ele, preso pela polícia neste Domingo. Por qual motivo ainda não está definido mas o homem se referia à vítima como “boiolinha” e “bichinha”. Suspeita-se que o assassino tentou molestar Rafael. Em todo caso, ele não aceitava a homossexualidade, nem do garoto, quem sabe nem a própria, pois assim aprendeu, que era algo que deveria ser escondido e rejeitado. O suspeito alega inocência. Leia mais informações deste caso aqui.